Cada dia
de uma vez,
eis o mote.
Não sabemos nada
do plano,
apenas o essencial
para sobreviver.
Linhas curvas,
retas,
oblíquas,
quadrados,
retângulos,
círculos.
Por isso
tantas surpresas.
O inesperado
traz o presente
mais saboroso.
O corpo endurecido
se abre.
Como um girassol,
se rende
à luz solar.
Eu não sabia,
mas um dia
as paralelas
se tocariam
no infinito.
Sandra Brazil / Literatura, poemas, contos, crônicas, cinema, viagens. O título deste blogue se refere à poeta grega Safo de Lesbos e sua filha Cleïs, a quem ela dedicou o belo poema "O tesouro".
Quem sou eu
- Sandra Brazil
- No blogue escrevo meus próprios textos (contos, crônicas, poemas, prosa poética) e também sobre os mais variados assuntos: literatura, cinema, viagens, gastronomia, amenidades, humanidades, música. Tudo que me toca. E que possa tocar os leitores.
terça-feira, 29 de junho de 2010
sexta-feira, 25 de junho de 2010
Flanando
Onde mora a semente?
Onde surgem os dias?
O albatroz desce como um raio
e desfruta da condição dos mortais.
Como em Baudelaire,
mancamos cada dia um pouco,
espalhando fome
e sofrimento
nesse andar duro e claudicante.
Onde surgem os dias?
O albatroz desce como um raio
e desfruta da condição dos mortais.
Como em Baudelaire,
mancamos cada dia um pouco,
espalhando fome
e sofrimento
nesse andar duro e claudicante.
Oriente
Do outro lado do mundo,
o sol nasce e depois morre,
carregado de ideogramas
e origamis.
Papéis multicoloridos
batem asas:
pássaros, borboletas,
flores.
Quero me afogar neles.
Lá, onde tudo de melhor começou:
a dádiva de Ísis
é filha do sol nascente.
Naquele dia frio,
nevava lá fora;
uns sobre os outros,
quimonos
tentavam aquecer.
Mas as moléculas do amor
vibravam
seus spins, nêutrons
e elétrons,
arquitetando
a revolução.
Um microinstante
determinou o destino;
seu pai me olhou diferente --
o Universo me escolhera
para ser guardiã
de mais uma estrela.
Então eu soube:
jamais seria a mesma.
o sol nasce e depois morre,
carregado de ideogramas
e origamis.
Papéis multicoloridos
batem asas:
pássaros, borboletas,
flores.
Quero me afogar neles.
Lá, onde tudo de melhor começou:
a dádiva de Ísis
é filha do sol nascente.
Naquele dia frio,
nevava lá fora;
uns sobre os outros,
quimonos
tentavam aquecer.
Mas as moléculas do amor
vibravam
seus spins, nêutrons
e elétrons,
arquitetando
a revolução.
Um microinstante
determinou o destino;
seu pai me olhou diferente --
o Universo me escolhera
para ser guardiã
de mais uma estrela.
Então eu soube:
jamais seria a mesma.
quinta-feira, 17 de junho de 2010
Todo sentimento
Pintura
Eu sei que se tocasse
com a mão aquele canto do quadro
onde um amarelo arde
me queimaria nele
ou teria manchado para sempre de delírio
a ponta dos dedos
(Ferreira Gullar, in Toda poesia.)
Eu sei que se tocasse
com a mão aquele canto do quadro
onde um amarelo arde
me queimaria nele
ou teria manchado para sempre de delírio
a ponta dos dedos
(Ferreira Gullar, in Toda poesia.)
segunda-feira, 14 de junho de 2010
Tempo da delicadeza, by e.e. cummings
"here is the deepest secret nobody knows
(here is the root of the root and the bud of the bud
and the sky of the sky of a tree called life (...)"
A delicadeza da poesia concreta de e.e. cummings.
i carry your heart with me
i carry your heart with me(i carry it in
my heart)i am never without it(anywhere
i go you go,my dear; and whatever is done
by only me is your doing,my darling)
i fear
no fate(for you are my fate,my sweet)i want
no world(for beautiful you are my world,my true)
and it's you are whatever a moon has always meant
and whatever a sun will always sing is you
here is the deepest secret nobody knows
(here is the root of the root and the bud of the bud
and the sky of the sky of a tree called life;which grows
higher than the soul can hope or mind can hide)
and this is the wonder that's keeping the stars apart
i carry your heart(i carry it in my heart)
(here is the root of the root and the bud of the bud
and the sky of the sky of a tree called life (...)"
A delicadeza da poesia concreta de e.e. cummings.
i carry your heart with me
i carry your heart with me(i carry it in
my heart)i am never without it(anywhere
i go you go,my dear; and whatever is done
by only me is your doing,my darling)
i fear
no fate(for you are my fate,my sweet)i want
no world(for beautiful you are my world,my true)
and it's you are whatever a moon has always meant
and whatever a sun will always sing is you
here is the deepest secret nobody knows
(here is the root of the root and the bud of the bud
and the sky of the sky of a tree called life;which grows
higher than the soul can hope or mind can hide)
and this is the wonder that's keeping the stars apart
i carry your heart(i carry it in my heart)
quarta-feira, 9 de junho de 2010
Sempre Drummond
Amor e seu tempo
Amor é privilégio de maduros
estendidos na mais estreita cama,
que se torna a mais larga e mais relvosa,
roçando, em cada poro, o céu do corpo.
É isto, amor: o ganho não previsto,
o prêmio subterrâneo e coruscante,
leitura de relâmpago cifrado,
que, decifrado, nada mais existe
valendo a pena e o preço do terrestre,
salvo o minuto de ouro no relógio
minúsculo, vibrando no crepúsculo.
Amor é o que se aprende no limite,
depois de se arquivar toda a ciência
herdada, ouvida. Amor começa tarde.
Carlos Drummond de Andrade
Amor é privilégio de maduros
estendidos na mais estreita cama,
que se torna a mais larga e mais relvosa,
roçando, em cada poro, o céu do corpo.
É isto, amor: o ganho não previsto,
o prêmio subterrâneo e coruscante,
leitura de relâmpago cifrado,
que, decifrado, nada mais existe
valendo a pena e o preço do terrestre,
salvo o minuto de ouro no relógio
minúsculo, vibrando no crepúsculo.
Amor é o que se aprende no limite,
depois de se arquivar toda a ciência
herdada, ouvida. Amor começa tarde.
Carlos Drummond de Andrade
segunda-feira, 7 de junho de 2010
sexta-feira, 4 de junho de 2010
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