Jack Kerouac fotografado por Allen Ginsberg/Courtesy of the National Gallery of Art.
"Allen Ginsberg é lembrado e conhecido por sua poesia. Entre as décadas de 50 e 60 ele foi o porta-voz da geração de desajustados e desencantados, conhecidos como Beats. Eles estavam nos bares e nos telhados e na estrada; ouviam jazz, perdiam o sono consumindo literatura, e viviam se metendo em encrencas. Um grupo pequeno de rapazes, e Ginsberg estava no centro disso tudo." (Texto traduzido do site: http://www.npr.org/blogs/pictureshow/2010/05/05/126532131/ginsberg.)
Eu estava navegando (surfando) nas ondas da internet hoje à noite, esperando chegar o horário do encontro para ir ao teatro, meia-noite, assistir ao Ridículos... Horário de uivos, lobos, lua cheia, sereno, mães recolhendo crianças... Gosto de procurar fotos do meu querido Cartier-Bresson, revê-las e sentir que a arte me arrasta desse meu mundo miúdo de dia a dia esmagado pela roda do trabalho. E há tantos outros fotógrafos de que gosto, que não vou elencar aqui, são muitos. Também me interesso por arquitetura e arte, então a internet acaba cumprindo bem esta função de encaminhar meus olhos para essas belezas da vida, antevê-las, para que num breve futuro eu possa vê-las de perto, não apenas por meio de pixels.
Também procuro textos de literatura e autores, e acabo achando, por acaso, outras coisas incríveis, como este site que acabo de encontrar (http://www.npr.org/blogs/pictureshow/2010/05/05/126532131/ginsberg).
Falando em uivos, encontrei este site que menciona o interesse do poeta Allen Ginsberg por fotografia (um dos poemas de Ginsberg intitula-se "Uivo"). No site há catorze fotos de Ginsberg que ele fez do grupo e de parentes dele: o escritor Jack Kerouac, o poeta William Burroughs e amigos, e a avó Rebecca Ginsberg; há fotos dele próprio, feitas por William Burroughs.
Allen Ginsberg fotografado por William S. Burroughs, em 1953
Um poema de Allen Ginsberg
Canção
O peso do mundo
é o amor.
Sob o fardo
da solidão,
sob o fardo
da insatisfação
o peso
o peso que carregamos
é o amor.
Quem poderia negá-lo?
Em sonhos
nos toca
o corpo,
em pensamentos
constrói
um milagre,
na imaginação
aflige-se
até tornar-se
humano -
sai para fora do coração
ardendo de pureza -
pois o fardo da vida
é o amor,
mas nós carregamos o peso
cansados
e assim temos que descansar
nos braços do amor
finalmente
temos que descansar nos braços
do amor.
Nenhum descanso
sem amor,
nenhum sono
sem sonhos
de amor -
quer esteja eu louco ou frio,
obcecado por anjos
ou por máquinas,
o último desejo
é o amor
- não pode ser amargo
não pode ser negado
não pode ser contigo
quando negado:
o peso é demasiado
- deve dar-se
sem nada de volta
assim como o pensamento
é dado
na solidão
em toda a excelência
do seu excesso.
Os corpos quentes
brilham juntos
na escuridão,
a mão se move
para o centro
da carne,
a pele treme
na felicidade
e a alma sobe
feliz até o olho -
sim, sim,
é isso que
eu queria,
eu sempre quis,
eu sempre quis
voltar
ao corpo
em que nasci.
(Tradução de Cláudio Willer. Porto Alegre: Lp&M, 1984.)
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