O inventário de uma vida sempre dói. No osso, no pulso, na lembrança. Colher as borboletas que fomos afoga a tarde e enverniza o ocaso. Amanhecer não é para os fracos -- profere a multidão de esporas.
Adormeci pensando em cruzar a fronteira, sem a mínima esperança. Desperto no mesmo perpétuo sem rumo, como ontem, antes de ontem. A carapaça rompe e sangro, e as gemas ressurgem, incrustadas cintilando. Opacas, translúcidas, mínimas, enormes como o rio Nilo. Azul-profundo, amarelo sui generis, cor de terra selvagem. A saudade, aprendi com Emily D., soa a pedras preciosas. Minhas lágrimas vertem olhos-de-tigre, ametistas, citrilos, turquesas...
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