Caros leitores, prezo por sua segurança, eu sou uma sagitariana que cuida de quem está perto de mim. Portanto, peço que fechem os portões, soltem o Dingo, deem "um a mais" ao segurança da rua, passem a chave tetra, avisem a portaria que ninguém deve subir sem sua expressa autorização. Ah! As crianças devem ficar sob seu olhar atento. Todo esse cuidado porque... Mr. Hyde caminha entre becos, ruelas, com seu claudicante esgar novamente...
Meu Deus! Eu não mereço, leitores! Quem me conhece, sabe. Deveria ser proibida a venda de celulares a Mr. Hydes, assim como deveria ser proibida a entrada de celulares nos presídios (é na teoria, mas na prática eles funcionam melhor nos presídios do que o meu VIVO na minha casa, que sempre desliga sozinho... :-( ).
Frederick March, como Mr. Hyde, na produção holywoodiana do filme de 1930.
E não sei por que, uma pessoa como eu, razoavemente inteligente, de bom senso, com aquele controle remoto que me faz desviar de buracos emocionais e catátrofes antevistas, fui cair nessa roubada de 5a categoria! Apesar de ter saído dela em menos de 13 dias (número agourento), Mr. Hyde não dá trégua. Já rolaram outros carnavais, estou em outra deliciosa, mas meu coração dispara (de medo!) quando vejo o nome Mr. Hyde na telinha... "Fala sério!"
O pior não é isso, o pior é ter dado o número do meu celular, porque agora, além de correr o risco de ter o desprazer de encontrar Mr. Hyde nos lugares onde vou e frequento, sou obrigada a ver aquele nome chiando na telinha depois de ouvir a musiquinha universal do Nokia. Sim, porque resolvi deixar gravado o número de telefone dele, em vez de apagar, para saber quando Mr. Hyde ligasse numa hora inconveniente, como já aconteceu(!), eu simplemente desligaria o celular...
Pois não é que Mr. Hyde depois de ter feito tudo errado, errado o tom e errado o figurino e a música e eu ter desencanado totalmente antes dos 13 cabalísticos dias -- já que tenho aquele controle remoto de que falei (tipo de carrinho de criança): distancio e esfrio quando vejo que a coisa 'vai pegar' e vou dançar ou se vejo que é 'chave de cadeia ou fria', que é o caso de Mr. Hyde -- agora diz que... nós "namoramos"! Ops! Quase engasguei com a empadinha!
"Meu filho!", como diria o Chacrinha, você não sabe de nada. Nós definitivamente não, não mesmo, namoramos. Eu tenho a chave do controle remoto, lembra? Hello?
O fato de Mr. Hyde naqueles 12 dias ter me dado dois perdidos o leva à conclusão de que estávamos namorando e que eu, "a namoradinha do Brasil", estava aqui esperando... Mr. Hyde, não seja ingênuo. Meu nome é: Sandra Brazil, e não é à toa! Uma hora depois de espera e eu já estava em outra bat caverna (isso nos dois dias)... Não se faça de rogado e não se sinta a última bolacha do pacote, please, don't! Sua estatura de pequeno pônei não lhe deixa esta opção. Nós 'trombamos', infelizmente, mas absolutamente não namoramos.
Bom, tudo esclarecido, volto aos mitos pretéritos.
Mr. Hyde, a quem eu nunca telefonei para fazer nenhum convite, que fique claro, foi ele que sempre esteve claudicante à espreita na escuridão fazendo convites e surgindo do nada, desaparecendo e ressurgindo, como convém a uma criatura dessa natureza, resolve que agora, tempos depois, é preciso conversar, porque há um 'gostar', porque não quer me 'perder' de sua vida, sou muito 'especial' em sua vida [tenho medo quando usam este adjetivo se referindo a mim. Isso quer dizer tanta coisa e nada ao mesmo tempo. Parece que quando o cara não sabe o que dizer ele pode usar duas coisas: ou Você é muito boa para mim ou Você é muito especial... E em geral termina em catástrofe e choro, caros leitores do sexo masculino, saibam e NUNCA digam isso, NUNCA.. Mas abafa o caso, neste caso de Mr. Hyde -- que aliás usou também uma variação do Você é muito boa para mim: disse --> Você é uma mulher complexa, sofisticada, culta...]... Ai Santa Clara! Dai-me forças! Isso é uma tempestade, não é uma chuvinha qualquer...
Não atendi um ou outro telefonema, mas no último que atendi, houve um convite do qual tive que declinar, pois já tinha algo marcado (quem não tem já algo combinado numa sexta às 17h30, "meu filho"?). Pois Mr. Hyde se incomodou muito por causa de minha negativa, e mais: quis saber onde e com quem eu iria... Vocês acreditam? Por que fui atender o bendito celular? Não contente quando eu disse brincando (já que sou bem-humorada, apesar de não gostar dessa situação): "Segredo de Estado, estarei numa bat caverna.", passou a se lamuriar de que eu sempre tinha encontros com amigos quando ele me convidava no passado, que ele tinha que se encaixar, que eu nunca tinha tempo, que estava sempre dispersiva etc. etc. Não aguento... Argh! Vou chamar Santo Expedito, o santo das causas expressas. preciso de rapidez, estou cheia de trabalho sobre a bancada, não tenho tempo para homens atrapalhados, só para homens diretos e retos.
Pois leitores, a verdade é que é Mr. Hyde quem vive na noite, nas baladas, nos bares, nas muvucas, inclusive dando perdidos em pessoas como eu, que jamais dão perdidos sem avisar: caros leitores, eu dou perdidos, não minto, mas aviso (seja por cel ou sms) -- "Olha, não vai rolar..." Aí a pessoa fica livre e solta pra fazer o que quiser, não fica ali prisioneira de um perdido. Que era o que Mr. Hyde "pensava" que fazia com Sandra Brazil. Mr. Hyde, você não sabe com quem se meteu...
Agora Mr. Hyde decidiu que quer porque quer marcar um café comigo. O que me parece: "quero encher seu saco de filó bordado" -- que é o que eu tenho, mas não para Mr. Hydes! Que fique claro!
Sentindo-se rejeitado depois dos últimos telefonemas, destituído de seu poder de sedução Tabajara, Mr. Hyde desapareceu, escondeu-se, como significa em inglês seu nome ( to hide), sumiu na escuridão. Mas quando ele desaparece, como qualquer vítima de Mr. Hyde, fico com mais medo: posso estar matracando numa esquina num bar com um amigo ou amiga e sentir uma sombra, um esgar, um voodoo, um calafrio, e ter de correr, como fiz da última vez, quando meu amigo Leo, alto e magro, fez um paredão para mim, e não tive que ter o desprazer de dar adeus a Mr. Hyde, que veio em minha direção, mesmo percebendo que eu não queria contatos imediatos de nenhum grau.
Mas prevenida que sou, já providenciei minhas poções mágicas, vindas diretamente de uma vuduzeira das boas de Nova Orleans, uma cruz, água-benta, sal grosso, aquela parafernália toda que não resolve nada, mas deixa pessoas como eu totalmente seguras... :-)
Agora é esperar o próximo toque universal do Nokia e... e... correr!, leitores. Aviso vocês por SMS, mensagem no facebook, post aqui no blogue, e se tudo der errado -- porque a tecnologia costuma falhar quando mais precisamos dela, não é? --, mando um sinal de fumaça: "Tranquem-se com seus entes queridos até o voodoo passar".
Sandra Brazil / Literatura, poemas, contos, crônicas, cinema, viagens. O título deste blogue se refere à poeta grega Safo de Lesbos e sua filha Cleïs, a quem ela dedicou o belo poema "O tesouro".
Quem sou eu
- Sandra Brazil
- No blogue escrevo meus próprios textos (contos, crônicas, poemas, prosa poética) e também sobre os mais variados assuntos: literatura, cinema, viagens, gastronomia, amenidades, humanidades, música. Tudo que me toca. E que possa tocar os leitores.
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