Como no metrô de Nova York, algo mora em meu subterrâneo. Ali se aquece, ali se esconde, ali se alimenta, espera se regenerar, recuperar sua identidade, para poder renascer e ressurgir. Como se fosse um mendigo. Inoculado ali, circula em andrajos, meio machucado, claudicante, a esmolar uns trocados de sentimento e afeto, carinho e toque. Mas nesse processo kafkaniano estranho, insetívoro, asqueroso talvez, ele se refaz dia a dia. Não há luz ali, mas há luz nele, esse grande sentimento que circula nas galerias, esquecido por um tempo, para que se renove e se recupere da sua dor. Devagar, ele vai voltando sua memória-mosaico, tão típica desta mulher que vive intensamente seu mundo, seus amores, suas paixões. Tão intenso, que intenso também é o revés. São tantas as imagens, tão grandiosas, tão coloridas e iluminadas, que é preciso uma lavagem cerebral para que o pobre se recupere nesse processo.
Ele caminha devagar e a luz um dia lhe chegará aos olhos. Então, será dia de festa, o tampo se abrirá para sua saída magistral, e o amor voltará a fazer parte desse corpo, dessa alma, desse coração. Tão típico dessa mulher, que não sabe viver sem a intensidade do sentimento.
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