Ando pelas ruas nesse fim de tarde bem frio. Gosto de caminhar. Gosto de inverno.
Uma sensação boa: um vento gelado toca meu rosto. Levanto a gola do casaco.
Ao dobrar uma esquina, sob uma marquise um mendigo dorme o sono dos anjos -- tranquilo, incólume, como se não corresse riscos numa cidade brutal.
Olho para cima. O logotipo de um banco desfralda sua luz laranja, e vocifera seus poderes sombrios sobre nós.
O cobertor que aquece o mendigo é também de um laranja-vivo -- logomarca do grito daqueles que não têm voz. Nem vez.
(Sandra Brazil, em 2/8/2011, num fim de tarde escuro e extremamente frio, caminhando pelas ruas de Perdizes...)
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