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No blogue escrevo meus próprios textos (contos, crônicas, poemas, prosa poética) e também sobre os mais variados assuntos: literatura, cinema, viagens, gastronomia, amenidades, humanidades, música. Tudo que me toca. E que possa tocar os leitores.

domingo, 1 de novembro de 2015

Guilty

Um terremoto
rufa
e abre
uma fenda
sob meus pés.

Um campo de
possibilidades
rui
no escuro e
na treva.

Olho minhas mãos:

nelas jaz um
machado.

Eu mesma
destruí
meu destino.

domingo, 25 de outubro de 2015

Alice

Quem sabe dos dias,
do futuro,
de certos segredos
e mistérios?

Quem tem a chave
do caminho
mágico
que leva
ao jardim --
sensações
e cores
infinitas.

Quem tem
a senha
que decodifica
o essencial
da vida?


Não [me] encontro.
E tudo permanece
indecifrável.


sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Mensagem à nau 2


Obstinada
penélope costura noites
e desfaz os dias.

Nada lhe agrada,
exceto Cronos --
mensageiro da razão.

Ele trará
o último ponto
de seu bordado.

sábado, 3 de janeiro de 2015

Para entender o quebra-cabeça da vida: Lição 1

1981. Eu tinha 19 anos. Assisti a "Um homem, uma mulher" numa dessas mostras retrospectivas que povoavam a cidade. Acho que foi esse o divisor de águas entre minha vida de menina e o primeiro passo na estrada de verdadeiramente ser mulher. Aquilo me tomou de um jeito e me enlouqueceu: a estética, a direção, os atores, o tema, a música. Fui à caça do velho e bom Long-Play da trilha sonora. Apesar da dificuldade, acabei encontrando! Foram dias, semanas, meses de "Samba Saravah" e "Aujourd'ui c'est toi, aujourd'ui c'est moi" se repetindo na vitrola.
Em casa, ninguém mais suportava a tal da música "daquele filme". Eu fazia a faculdade de medicina então. Mas algo revirou dentro de mim, um tornado, um terremoto. Decidi abandonar tudo. Quando dei por mim estava na faculdade de Letras. Por essas coincidências ou acasos (as peças do quebra-cabeça), eu acabei me graduando em francês. Isso tornou mais sutil minha compreensão daquele mundo dos filmes franceses, da nouvelle vague, dos cahiers du cinéma, da fotografia e arte, daquela literatura impressionante, daquele mundo de cultura e história. Um universo abriu-se diante de mim, como um mar se abre para permitir que alguém possa chegar a outro lugar diverso. Pois em mais um dos acasos, no ano em que fui estudar em Paris, estreava nos cinemas franceses "Un homme et une femme: 20 ans après" assim como a "Ópera do malandro", de nosso Chico Buarque. Me sentei naquelas salinhas deliciosamente opressivas, antigas e pequenas que eram -- um ar de cinéma partout... Quando voltei para casa tempo depois, apesar do CD player, eu havia guardado meu toca-discos. Ao chegar em casa, a primeira música que ouvi foi "Samba Saravah"... Eu estava definitivamente de volta. E agora, eu era uma mulher. Um ano e três meses depois disso, Isadora recém-nascida dormia tranquila em meus braços.

Mensagem à nau

Occupy me.

ALL
OF
ME.