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No blogue escrevo meus próprios textos (contos, crônicas, poemas, prosa poética) e também sobre os mais variados assuntos: literatura, cinema, viagens, gastronomia, amenidades, humanidades, música. Tudo que me toca. E que possa tocar os leitores.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

"Se meus Fuscas falassem..."


Dia Nacional do Fusca: conheça diversas obras no seu formato http://bit.ly/VhNrRk (disponível em: catracalivre)

"Se meus Fuscas Falassem"

Em casa, a gente teve dois: um azul 1966, que era uma graça, mas estava sempre na oficina. Isso foi em 1972. Depois, deve ter havido alguma promoção do meu pai no trabalho, pois houve um upgrade de Fusca em casa, e chegou um zero kilômetro, vermelho Montana, me lembro bem! Ele brilhava na garagem, e a gente, animado pela novidade de um novinho em folha, ajudava a lavar nos finais de semana. As viagens a "Long Beach", a Santos, interior de São Paulo eram garantidas pelo possante, que não quebrava, e era veloz sob o comando do "piloto italiano" (ele gosta de correr...), como meu pai se autodenomina até hoje.
Eram felizes aqueles momentos em família, apesar do carro pequeno e a turma ser enorme. Eram 5 pessoas, e o porta-malas tinha que conter tudo: até bicicleta para a praia, e produtos de limpeza da minha mãe. Mas havia aquele "buraco" lá atrás, onde a gente, criança ainda, adorava "embodocar", como diziam... Então, se havia algum adulto para ser passageiro atrás, a gente corria pra ser o primeiro a ir no "buraco" do Fusca.
O tempo passou, e chegou a Brasilia, o lançamento da VW. Meu pai aposentou o Fusca num anúncio de jornal qualquer. Ele foi vendido com nossos sentimentos e lembranças dentro dele. Os risos de criança, os piqueniques feitos ali dentro nas jornadas mais longas -- presunto, queijo prato, pão Pullmann, guaraná em copos plásticos --, a angústia das idas ao pronto socorro conosco para dar alguns pontos depois de alguma brincadeira mais feroz, a ansiedade ao buscar na maternidade no irmãzinho mais novo, a birra de pré-adolescentes, a alegria esquizofrênica das viagens em família... Tudo isso foi batizado nele, e foi-se com ele também ao ser vendido. Mas eu nunca vou esquecer o "piloto italiano" atento ao volante, e a co-pilota a seu lado... Nós, atrás, não sabíamos que a vida era uma estrada um tanto acidentada fora daquele mundinho encantado de nosso Fusca.
Um Fusca é um baú repleto de lembranças e memórias. Inesquecíveis...

2 comentários:

  1. éramos 7, em 69, ano da aquisição; e o buraco era chamado "chiqueirinho"...
    longas viagens: Santa Catarina, Paraná, Rio, Minas, Espírito Santo

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    1. Éramos cinco, em 73, Fusca vermelho montana, que substituiu o azul 67. O "buraco" era disputado com alegria, entusiasmo. Diferente das crianças de hoje que só querem muito conforto, o desconforto fazia parte do pacote e da aventura.

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