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No blogue escrevo meus próprios textos (contos, crônicas, poemas, prosa poética) e também sobre os mais variados assuntos: literatura, cinema, viagens, gastronomia, amenidades, humanidades, música. Tudo que me toca. E que possa tocar os leitores.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Bicicleta

Minha mãe deu para distribuir entre os filhos as toalhas de mesa de seu enxoval, guardanapos de linho, toalhinhas de bandeja com rendas. Estranhei. Minha filha tem lá suas teorias que vêm da psicologia. Eu aceito de bom grado. Confesso que desde criança cobicei as peças da sua arca, em que ela guardava as peças que trouxe quando veio para São Paulo se casar com meu pai. Então, adoro ter minha cama coberta por uma colcha bordada a mão, supervintage.
O meu pai não tem muitos objetos pra dar, os poucos que amealhou ao longo da vida, perdeu, porque é muito distraído. Ele me prometeu um óculos Ray Ban há cerca de dois anos. Fiquei contente, era muito bonito. Bingo! Ele perdeu não se sabe onde nem quando. Não tem problema. Eu não ligo pra isso. Mas na falta dessas coisas materiais, ele tem muitas histórias, e acabo de me lembrar de uma bem engraçada que ele me contou.
Ele era adolescente. Trabalhava no meio da semana, e não tinha muito dinheiro, porque sustentava a casa. Então ele emprestou de um amigo uma bicicleta. E foi uma delícia, porque ele se sentiu seguro depois de um tempo, e passou a dar mais velocidade e ganhar a rua e descer a avenida do bairro... de repente, ele tentou frear, foi impossível.
Quando deu por si, ele invadiu uma cozinha em que uma família almoçava. Por sorte havia uma viga de madeira em que ele pôde se segurar. A bicicleta seguiu seu destino rumo à mesa. E seguiu-se um silêncio constrangedor. Ele dependurado naquela viga.
É delicioso ver o jeito de ele contar essas histórias. Pontuando as frases como se estivesse escrevendo, virgulando, fazendo pausas. Há sempre um suspense e o desfecho é sempre muito engraçado, apesar de sua grande timidez.
Então, agora eu serei sua bicicleta, seu Heitor, e transmitirei ao mundo as suas belas e deliciosas histórias.

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