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No blogue escrevo meus próprios textos (contos, crônicas, poemas, prosa poética) e também sobre os mais variados assuntos: literatura, cinema, viagens, gastronomia, amenidades, humanidades, música. Tudo que me toca. E que possa tocar os leitores.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

A força da natureza


Você já reparou no percurso da natureza? Ele não estanca, não interrompe. Não importa o que aconteça. De um solo arrasado, pequenos brotos surgem; mostram que o mundo tem seus impérios, ducados, latifúndios, ditaduras, mas a natureza é magnânima, e a despeito de intempéries, guerras, conflitos, não há terra destruída que não traga dentro de si frutos que a qualquer momento vão se mostrar.
As plantas aqui em casa são abençoadas por um combo de boas doses de sol, vento, janelas grandes e meus cuidados constantes. Mas ainda assim há um não sei quê de misterioso que faz crescerem aqui mudas que não crescem em quintais nem em lugares de terra muito fértil. Pois nestes vasicos que ponho nas janelas, tudo vinga. Como se fosse um pequeno milagre no deserto que são estes pequenos apartamentos nas metrópoles hostis em que vivemos. Qual é o segredo? Não sei. Pois crescem as gipoias, a árvore da felicidade, o lírio branco, a pimenta vermelha, a miniespada de são jorge, o hortelã, o arbusto de arruda, inúmeros vasos de suculentas, duas orquídeas, flores de maio, pés de tomate, algumas trepadeiras e um pé de melão. Além disso tudo, creiam, tenho quatro pequenos arbustos de umbu. Como eles vingaram aqui, em vasos, é um mistério, mas vingaram e estão crescendo fortes e verdes, subindo pro céu em direção ao sol. Há algum tempo plantei, e a despeito de meus dias, fossem eles bons, fossem eles tristes, estivesse eu alegre ou infeliz, cabisbaixa ou saltitante, o umbu foi subindo, dia a dia, passo a passo na alquimia de sua fotossíntese. E hoje ele está grande e fortaleceu, a ponto de eu ter que colocar num vaso maior, pois o umbu não é mais uma criança, está pedindo mais espaço.
Nós nos apegamos a nossas emoções, como se fossem únicas e inesgotáveis. Atingimos os píncaros e descemos ao fundo do lodo, aplicando uma importância que é um conjunto vazio. Mas somos insignificantes diante da grandeza da vida. Recorte um quadro de um filme: é isso que você é no grande filme do mundo.
Tanto é assim que o umbu cresce em seu percurso vital na natureza. Folha por folha, sobe e faz suas trocas gasosas sem pressa, buscando água e nutrientes lá na raiz, sem se importar com as minhas tristezas ou minhas alegrias. O umbu se desenvolve sem levar em conta meu sucesso ou meu fracasso nesse tempo todo.
O umbu segue vivo e cada vez mais forte.
A despeito de mim e de você.

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