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No blogue escrevo meus próprios textos (contos, crônicas, poemas, prosa poética) e também sobre os mais variados assuntos: literatura, cinema, viagens, gastronomia, amenidades, humanidades, música. Tudo que me toca. E que possa tocar os leitores.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Na carne e no osso

Quadrilha

"João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para o Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história."

(Carlos Drummond de Andrade)

Hoje, depois de tanta literatura, amores, poemas, relações mal acabadas, mal alinhavadas, malpontuadas, depois de tanta semiótica, ótica cruel de desencontros, mas... às vezes, ao contrário disso tudo: encontros: rufar de tambores de alumbramento, de apaixonamento, de entrega e de conquista --uma espada cravada no peito da presa, e por que não, em nosso peito também? Que o amor tem dessas vicissitudes. E dessas surpresas. Um despertar, que é um farfalhar de folhas, acordando a vida depois de um outono silencioso de tons amarelos e decíduos... A estação à espera de um sinal...
Pois hoje, justamente hoje, eu entendi / a frio, a ferro, a estilete / rasgando a carne raspando no osso o sentido mais dolorido do poema "Quadrilha", de Drummond.
Fazer doer no outro a tristeza do amor não correspondido não lustra nem um pouco minha vaidade, não ::: é mais sofrido em mim -- (faz lembrar a dor socada profunda de meus próprios amores não correspondidos. É uma cerimônia estranha de desenterrar de mortos.)

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