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No blogue escrevo meus próprios textos (contos, crônicas, poemas, prosa poética) e também sobre os mais variados assuntos: literatura, cinema, viagens, gastronomia, amenidades, humanidades, música. Tudo que me toca. E que possa tocar os leitores.

terça-feira, 6 de março de 2012

Dica de leitura: Cansaço, a longa estação, de Luiz Bernardo Pericás

Capa do livro Cansaço, a longa estação

Bem, a história é longa, mas vou resumir.
O bom da vida é conhecer pessoas e estabelecer relações com elas. Foi por meio do meu trabalho que conheci muitos de meus amigos (fora dele também). Num desses encontros, conheci o Pericás, há cerca de dez anos, e apesar de a vida ter me levado pra lá e pra cá, e o ter levado para outros países inclusive, e por isso termos ficado distantes, sempre tenho bastante carinho quando me lembro dele e de Graziela, sua mulher.
Fui à festa de casamento deles, um petit comitê delicioso, e me lembro que antes disso tudo, eu trabalhava na editora que lançou este seu último livro, e ele ia lá entregar trabalhos e me dizia: conheci uma menina. Não sei, vamos ver!
Semana seguinte, acho que vai rolar, mas não quero compromisso... Na outra: ah! Não te contei! Ela está praticamente morando lá em casa...
Até que ele me avisou: vai ter uma festinha no meu apartamento, venha com Isadora comemorar conosco, vamos casar no sábado.
Fiquei feliz por eles, história que eu aompanhava a distância. Levei Isadora comigo, que tinha uns 14 ou 15 anos, e Pericás estava já comemorando fazia tempo, pra lá de Bagdá, charuto em punho, nos recebeu muito feliz por seu casamento. Isadora se sentou em meu colo, e ficamos conversando com Pericás e uns amigos. De repente, charuto em punho, whiski na outra mão, ele disse a Isadora; "Isadora, não se case... Eu não sei por que nós adultos fazemos isso, mas você ainda é jovem..." E trodos caímos na risada! Foi hilário! Na sequência, Graziela passou na sala, e ele já havia esquecido seu discurso inflamado sobre casamentos... era todo olhos e carinho para ela.
Isadora, sempre minha cúmplice, me olhou sentadinha em meu colo. Sabíamos o que havia ali. Sentimento.
Bem, eu costumava me encontrar bastante com Pericás. Pelo menos umas duas vezes por mês tomávamos café, trocávamos ideias sobre livros e ele me passava alguns textos dele pra eu ler. E um desses textos era justamente o livro que foi lançado hoje, Cansaço, a longa estação. Com o tempo, o excesso de trabalho, fomos marcando cada vez menos, até nos falarmos só por e-mail... Coisas de metrópole, de jornadas longas, compromissos familiares e pessoais, essas coisas...
Me lembro de ter lido e dado retorno a ele aqui em casa. Ele veio numa sexta-feira, e falei algumas coisas sobre personagens, narrativa, sobre enxugar um pouco o texto, coisas assim, não me lembro muito bem, faz tanto tempo. Começou a cair uma tempestade lá fora, escureceu, e ele começou na me contar algumas coisas de sua vida . Tomamos um café que fiz na cafeteira de espresso. Como chovia muito, decidi levá-lo para pegar seu carro, que estava estacionado um pouco longe, um cuidado para que ele não se molhasse tanto.
Hoje, anos depois, ele lança seu livro (dentre tantos outros que já lançou), mas este é muito significativo para mim. O fato de ter lido há tantos anos, em impressão de Word ainda, me faz sentir uma leitora avant garde.
Abro as guardas e vejo os créditos: a vida é uma teia delicada que liga amigos e pessoas que se querem bem muitas vezes. Minha grande amiga Raquel Matsushita é a designer da capa... Como gosto muito de Pericás e de Raquel o livro ficou ainda mais simbólico para mim.
A vida é um uroboro. Sorte de quem acredita nisso!

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