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No blogue escrevo meus próprios textos (contos, crônicas, poemas, prosa poética) e também sobre os mais variados assuntos: literatura, cinema, viagens, gastronomia, amenidades, humanidades, música. Tudo que me toca. E que possa tocar os leitores.

sábado, 6 de março de 2010

Educação

Ontem foi TGF (Thanks God it's Friday!). Apesar da oportunidade da SP Restaurant Week, em que se pode conhecer restaurantes fora do alcance do nosso orçamento em dias normais, achei melhor não arriscar. Explico.
Fomos eu e Isadora ao L'Amitié no meio da semana, animadas com a possiblidade de conhecer algo novo, fora do nosso circuito. O lugar é ótimo, bom recanto para casais românticos à francesa e mesmo para amigos discretos. No entanto, na terça-feira, apesar do bom vinho que o garçon me indicou, não pude deixar de notar que o restaurante parecia lotado além da capacidade, os habitués estavam incomodados pela invasão dos turistas atraídos pelo cardápio de R$ 39,00. Numa mesa próxima da nossa, sentou-se um casal claramente habituado a ir ali. Mas estavam incomodados. Observei o que poderia ser. E o que viria a seguir me esclareceria. O garçon que nos atendeu era extremamente educado, antigo da casa pelo que percebi. Conhecia os clientes pelo nome e sem perguntar já trazia a sua bebida. Para nós, que escolhemos o menu de R$ 39,00 da Semana, percebi que fomos impelidas a deixar a mesa antes do tempo habitual. O pratinho da entrada foi retirado enquanto eu ainda comia. Minha filha fez aquele olhar que me dirige sempre que não gosta de alguma coisa. Não liguei, continuei mastigando minha iguaria sem o prato abaixo de minha boca mesmo... Escolhemos o principal, e ele veio logo. Mal tínhamos terminado e os pratos foram retirados rapidamente, para na sequência sermos perguntadas pela sobremesa. Eu ainda saboreava o vinho, mas tive que interromper e dizer o que queria. Ela veio a jato, assim como a pergunta sobre o café. Isadora, que tem mais personalidade que eu, ficou incomodada apesar da sua juventude. Em meio a tudo isso, quatro mesas à nossa esquerda, um grupo de jovens gritava (sim, gritava) coisas desconexas em meio à refeição. Fiquei chocada quando disseram em voz alta, bem alta, duas vezes a palavra "tripa". Como o restaurante estava menos lotado nesse momento, houve um silêncio constrangedor nas mesas ao redor. Um casal frequentador da casa acabou o jantar e não pediu sobremesa. Saíram para voltar somente depois da SP Rest Week, imagino... Eu que detesto esse tipo de comportamento fiquei ali pensando na sorte que tenho, de ter criado uma pessoa melhor pro mundo: minha Isadora. Ali, à minha frente, ela saboreava seu prato tranquila, falando de cinema, das suas aulas de esquizoanálise, de família e de amenidades.
Portanto, ontem, decidi que vou esperar para conhecer outros restaurantes, nem que tenha que pagar caro mesmo. Não gostei da sensação de me sentir numa linha de montagem. Claro que não estou criticando o L'Amitié. Preciso conhecê-lo no seu habitat natural, sem a sensação de que sou uma turista mal avisada.
Então, ontem, para substituir o programa, decidi ir ao cinema. Não conhecia o Espaço Unibanco do Bourbon, perto de minha casa; aliás, tenho preconceito de cinema de shopping. Mas na falta do carro, peguei um ônibus e em menos de cinco minutos estava atravessando a rua para entrar no Bourbon. Fui ver "Educação". E a sensação de estar ali naquela sala escura de cinema me trouxe paz de espírito, uma vontade de voltar à Inglaterra, de fazer um curso, de viajar de novo.
Hoje é sábado, dia de encontrar os amigos. O bar Balcão me espera e sem dúvida poderei saborear uma taça de vinho sem a pressa de terça-feira última. Jogarei conversa fora e depois de algumas horas, satisfeitos e a conversa em dia, pediremos a conta. Nada como estar em casa.

"É sempre mais difícil
ancorar um navio no espaço."
(Ana Cristina cesar. A teus pés. Ática, 1998)

Um comentário:

  1. É. Cada negócio deve avaliar bem até onde pode ir. A melhor pedida é ter noção de seu próprio tamanho.

    Um mau jeito num único momento e se perde o cliente para o resto da vida.

    Mesmo assim, apressar clientes é algo PROIBIDO em qualquer circunstância.

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