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No blogue escrevo meus próprios textos (contos, crônicas, poemas, prosa poética) e também sobre os mais variados assuntos: literatura, cinema, viagens, gastronomia, amenidades, humanidades, música. Tudo que me toca. E que possa tocar os leitores.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Um pedido

Os dias não têm sido "como uma onda no mar". Há fases na vida, sobretudo de uma mulher, em que os problemas parecem um zigoto: eles vão se divididindo, à sua revelia, e se juntando contra você, para testar sua capacidade e paciência de monge. Digo "de uma mulher", porque ontem ouvi de um amigo algo assim: vocês mulheres enfrentam, escondem a fragilidade e encaram.
Fiquei pensando nisso depois que nos despedimos.
Os homens que conheço, a maioria pelo menos, quando enfrentam algum revés, tiram a pele do cotovelo em algum balcão de bar, e em geral descascam o ouvido mais próximo desavisado se estiverem de caco cheio... "Ela me deixou, ela me traiu, perdi tudo que tenho etc. etc."
Alguns, já vi isso acontecer, voltam para a casa da mãe... E ali permanecem eternamente, sem sequer tentar solucionar seu problema. Já vi isso acontecer.
Já as mulheres que conheço, em geral, vergam, mas não quebram. Até pedem um abrigo para os pais num momento de "ressaca", mas quando vejo, alguns meses mais tarde, já estão de casa nova, emprego novo, cabelo novo, mais magras e de namorado mais jovem!
Não, não estou querendo destruir a imagem masculina. Ao contrário. Não vivo sem vocês, meus queridos exemplares Y. O que seria de mim sem sua presença, como eu poderia escrever, sem amá-los, sem ter sua doce companhia ao longo da vida... Do casamento feliz, da separação infeliz (porque todas as separações têm um quê de infelicidade, não me digam que não!), das relações estáveis e longas que tive durante a vida e do amor que marcou sua presença. Só os homens poderiam proporcionar isso. Dito isso, entendam que a figura masculina não está sendo destruída. Ao contrário.
Bem, há um zigoto se dividindo, em 2, 4, 6, 8, numa progressão que não consigo acompanhar. Mas, como meu amigo disse, sou mulher. Escondo minha fragilidade, e ignoro o zigotinho que tenta me vergar.
Meu amigo me disse: ela gostou dos seus textos. E pronto! Foi o suficiente para o zigoto interromper seu crescimento desenfreado.
Gosto muito de saber que as mulheres gostam de meus textos. Que o que escrevo chega no sentimento feminino. Digo isso, porque costumo escrever com muito sentimento, mas também com muitos recursos de raciocínio. Dou laçadas nas palavras. Elaboro uma arquitetura obscura e estranha que brinca de mostrar e esconder. Aí, de repente, como em um jogo de enganar mostro tudo, mas mostro tão escancaradamente, que imagino que o leitor fique na dúvida se realmente mostro, ou se estou brincando de esconder em uma mentira. É, às vezes é ficção para não me mostrar, mas às vezes é verdade, para não morrer engasgada com aquela palavra.
E eu escrevo não pela vaidade de escrever, escrevo para chegar no íntimo das pessoas, tocar aquele terreno escondido, soterrado pela dureza cotidiana. Na verdade, eu quero emocionar quem transita pelas minhas palavras, não pela vaidade de emocionar, mas para que possamos desprender nossa dureza. Pois eu que sou dura, pois tive que ser, pois tive que esconder minha fragilidade para enfrentar a vida, me escorei nas palavras para deitar minha emoção e meu sentimento nelas. Como uma noiva deita delicadamente seu vestido branco numa caixa para que ele fique impecável até o dia da consagração.
Portanto, deitem-se comigo sobre elas, as palavras, e se emocionem comigo. Quero, a cada dia, mostrar mais e mais minha fragilidade, ela que sobreviveu a tudo e pôde despejar todo esse sentimento que minhas mãos querem mostrar agora.

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