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No blogue escrevo meus próprios textos (contos, crônicas, poemas, prosa poética) e também sobre os mais variados assuntos: literatura, cinema, viagens, gastronomia, amenidades, humanidades, música. Tudo que me toca. E que possa tocar os leitores.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Arpoador e Dois Irmãos

Faz muito calor, nem parece que há alguns dias eu postava "O dia mais frio do ano".
Minha filha chega de viagem, almoçamos juntas, novidades em dia, a vida volta ao normal.
Volto ao escritório depois do almoço para retomar aquela rotina duríssima. Mas tenho aproveitado bastante minha janela do futuro e da esperança, afinal, breve vou perdê-la para meu vizinho de 1,8 milhão de reais, que será construído entre mim e o parque. Portanto, como boa sagitariana-nostálgica, sou melancólica por antecipação, vou aproveitando os extertores de minha janela que vê tudo até o Jaraguá, há 15 anos, desde que me mudei para cá...
Vejo o parque e suas árvores, as montanhas ao redor de São Paulo, o azul do céu bem longe, edifícios, e muito mais, que só os meus olhos veem.
Pois vendo este céu azul lindo, sol amarelo e muito calor, lembrei de um julho distante, um inverno que passei no Rio de Janeiro.
O Rio sempre esteve no meu roteiro. Sempre fui fã. Os cariocas podem não gostar de mim, mas gosto muito da geografia que lhes pertence... Pois sempre no verão, lá íamos eu e Isadora passar uns dias quentíssimos nas areias escaldantes, comer bem naqueles restaurantes que só o Rio tem, escondidinhos e charmosos, visitar uns lugares superbonitos. Depois, para completar as férias de verão, escolhíamos outro lugar e zarpávamos as duas, aventura! Certa vez, depois do Rio, fomos Cuba. Decidimos em cima da hora.
Bem, voltando a meu inverno. Eu resolvi tirar férias no inverno e não sabia bem para onde ir, eis que me vi então no Rio. O Rio no frio pode ser um mico. Mas naquele inverno fazia um veranito delicioso por lá, nem acreditei quando cheguei.
Lembro das caminhadas pelo calçadão, todos os dias, depois a cerveja Devassa, que eu adoro! Mais tarde, o descanso, que ninguém é de ferro numas férias assim. Livrarias por Ipanema não faltam, e passear por elas é uma delícia, pois depois delas se pode ir direto ver o mar bater nas areias branquíssmas da praia. É uma sensação de liberdade extrema, que não se tem em São Paulo, depois de se ir a uma livraria fechada e escura.
Fazendo o trajeto a pé Ipanema-Copacabana, estraguei nas pedras portuguesas do calçadão minha sandália chiquérrima da Miss Sixty, que só pude comprar porque estava numa megablaster liquidação... estranho, nem liguei. Pois a lua ia tão alta e cheia, espelhava na água do mar tão forte, que eu só pude me ater àquilo e nada mais, me esquecendo de cuidar do resto. A lua do Rio é a lua mais bonita do mundo, creiam! E a lua que vi naquele inverno, espelhando em Copacabana, jamais verei, estou certa disso. São aquelas coisas que a gente sabe que são únicas, tem que fotografar na mente. E só.
E houve os programas mico, que de mico não tiveram nada, pois foram regados a sol, cerveja, alegria e férias, férias de tudo, inclusive de mim, que vinha cansada de muitas coisas. Ali parece que eu descansei de mim, e a felicidade pôde tomar de novo seu lugar. Férias.
Houve também as noites de glória, que todas as férias têm, mas também as noites micadas, que todas as férias têm também. As dicotomias servem para isso: a gente acaba valorizando o que é bom de forma mais lúcida e ponderada.
Foi uma semana, mas me pareceu um mês. Todos os dias, caminhada no calçadão, e os Dois Irmãos, do Chico, vigiando minha alegria lá de cima, cuidando com zelo. A cada dia, eles estão ali para nossa apreciação. Uma beleza extrema. Aí caminha-se até o Arpoador, e a felicidade chega no pico: como o Rio pode ser tão bonito assim... O Arpoador e suas histórias de pescador... Guardarei para sempre as minhas...
Quando se chega a Copacabana, vê-se a decadência, mas até isso tem certo charme no Rio. E o Leblon então...
Bem, eu tenho que trabalhar, não fosse isso ficaria aqui desenhando os prazeres e as belezas do Rio. E logo voltarei, estou já pensando nisso.
Mas, para concluir, preciso dizer que aquelas minhas férias no Rio, naquele inverno, na verdade era alto verão. O Arpoador guardou suas promessas e os Dois Irmãos continuam zelando, permanecem guardando aquela estação-surpresa.

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