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No blogue escrevo meus próprios textos (contos, crônicas, poemas, prosa poética) e também sobre os mais variados assuntos: literatura, cinema, viagens, gastronomia, amenidades, humanidades, música. Tudo que me toca. E que possa tocar os leitores.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Mensagem

Não quis sair pra almoçar hoje. Trabalhei até mais tarde em meu escritório. Era tarde já quando preparei uma sopa de almoço tardio. Fazia muito frio lá fora e garoava. Não tive ânimo de me preparar pra descer e enfrentar o frio pra ir a um restaurante natureba, como faço todos os dias.
Procurei uma meia garrafa de vinho tinto. Não tinha. Preciso ir ao súper. Fiz umas torradas então, pra não me sentir tão em falta.
Acabado o almoço, lavei a louça. Preparei meu expresso habitual antes de me atirar novamente no trabalho. Fui à janela que chamo de "janela do futuro e da esperança", porque consigo ainda ter vista para o verde e fundo ao longe da cidade. Distraída, fui tomando meu café, perdida em muitos pensamentos. Tantas coisas têm me acontecido. Em tantos âmbitos da minha vida, ao mesmo tempo. Tanto que, eu que nunca fui de me abrir sobre meus problemas, ou de pedir opinião à pessoas, vez por outra me pego pensando: como será que fulano resolveria esse meu problema, como será que aquele solucionaria essa situação tão difícil, como essa pessoa é tão tranquila mesmo tendo tantos problemas... e por aí vai.
Vivo na verdade uma crise que me espeta de todos os lados. Eu costumo enfrentar problemas da vida com muita coragem, mas apenas os mais "chão". Os emocionais, considero mais difícieis de solucionar. Então, quando me espetam, eu tento me encolher, aí, eles me machucam pra valer pra dizer: estou aqui, enfrente-me.
Eu havia pedido no dia anterior: quero sete frases boas, como sete ondas que se pulam na praia para começar um ano bom, para tingir de azul esse céu cinza que vejo diante de mim. Sete frases foram ditas. Amanheceu, mas meu ano bom parece que demorará a chegar.
Pois pensando em tudo isso, numa voragem mental e emocional que vem me tomando nos últimos tempos, estava distraída com meu café à janela do futuro e da esperança, sem pensar nela assim, com esses adjetivos tão positivos e bonitos. De repente, sinto duas asinhas em calcanhares querendo chamar minha atenção. Pensei: acho que é Hermes. Sim. Ele trazia um recado dos deuses do Olimpo para mim.
Abri o bilhetinho: "Sandra Brazil, como essa garoa varre devagar os telhados e o verde das árvores que você do alto, desmancha de mansinho as nuvens cinza do céu, tudo passará devagar. Ao contrário de uma tempestade que devasta e devora e não deixa pedra sobre pedra, essa garoa levará todos os problemas lentamente. De repente, toda a dor será consumida. Um dia você acordará e se lembrará apenas das coisas boas que lhe pertencem".
Olhei as árvores aqui do alto, as folhas molhadas verdíssimas e amareladas, vi as nuvens se desmanchando devagarinho e se transformando em gotas, os telhados enfim limpos da poeira do tempo.
Hermes já havia batido em retirada. Dobrei o bilhetinho com cuidado, guardei-o e dei duas voltas na chave. Agradeci aos deuses o recado enviado em tão bom momento. Eu havia entendido a mensagem.

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