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No blogue escrevo meus próprios textos (contos, crônicas, poemas, prosa poética) e também sobre os mais variados assuntos: literatura, cinema, viagens, gastronomia, amenidades, humanidades, música. Tudo que me toca. E que possa tocar os leitores.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

O dia mais frio do ano

Acordo cedo. Mais cedo que o normal. Tenho horário na minha médica. Rotina. Mas faz muito frio. Quando sou despertada pelo toque, gostaria que ainda fosse 4h da manhã. Ainda faltariam 4 horas para eu me levantar... Muito sono. Muito frio.
Aperto o soneca, e peço mais 5 minutos de trégua.
Levanto da cama com esforço hercúleo. Escovo os dentes com água quente, ainda assim sinto frio. Lavo o rosto, nem assim desperto. Vou sonâmbula para a cozinha e inicio o ritual do café. Máquina de expresso ligada, forno elétrico com a fatia de pão. Enquanto isso, olho pela janela. Um sol de clima temperado está no céu azulíssimo. Isso significa: muito frio.
Café tomado, lavo a louça na água fria. Isso é para bárbaros. E me lembro que ainda quero conhecer a terra dos vikings. Penso em viagens e meu humor melhora, mesmo de manhã! Este ano ainda não será possível. Pontilhei muito o mapa nos últimos dois anos, usando minhas milhas do cartão de crédito. Ainda assim, os gastos sempre são grandes, então, preciso economizar para conhecer meus parceiros nórdicos. E tem que ser no verão, porque de frio já estou por aqui!
Me animo para o banho, e tenho que me apressar, já estou um pouco atrasada. A água quentinha do chuveiro me faz lembrar que sou privilegiada neste planeta. Depois de ter lido o livro Planeta favela, descobri que muita gente no mundo não tem sequer banheiro, quanto mais água quentinha para sua higiene diária. Para um breve relaxamento então, aí seria um luxo... Preciso correr!
O trânsito está ótimo, nem acredito, e faço um caminho que toma metade do tempo para chegar até o consultório. Levo meus exames, estou um pouco apreensiva. É rotina, e ela é minha médica há muitos anos, além de eu ter estado lá há pouco tempo na última consulta.
Chego, difícil estacionar. Mas encontro um abrigo.
Sou recebida por alguém que cuida de mim há tempos, isso me dá certo alívio. "Não há notícia ruim que ela não tenha dado um jeito até hoje", penso.
Ela vê e observa com calma os exames, anota e me devolve. Está tudo muito bem! Não poderia estar melhor, ela me diz.
Alguém me disse um dia: a felicidade depende de referência. Agora eu entendo. Para alguns a felicidade tem proporções gigantescas a se buscar, grandes, para outros, medianas, pequenas, depende muito do contexto em que você está vivendo.
Pois bem. Essa pequena notícia iluminou o meu dia. É uma bobagem, nunca liguei para resultados bons de exames médicos. Mas diante dos meus últimos meses, que não têm sido agradáveis, me sinto o iceberg atingido pelo Titanic. São tantas as más notícias, umas seguidas das outras sem trégua, sem dó, sem cessar, que minha série vermelha estar em dia é uma alegria, e meus exames femininos me dizerem que estou inteira são uma bênção.
Saindo do consultório, me lembrei que tinha já muito trabalho me esperando. Mas resolvi, por conta das boas notícias, depois de tantas más, que deveria comemorar minha boa forma. Sentei-me num café e observei a cidade correr e ofegar diante de mim. A meu lado, um casal alemão estava em férias, fazendo planos de visitas a cidades e museus. Me lembrei das minhas próprias, em cafés em que planejava também meu dia a visitar tantos lugares que estão nas minhas fotos e na minha memória.
Num dia frio como esse, nada como um referencial para dosar nossa felicidade.

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