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No blogue escrevo meus próprios textos (contos, crônicas, poemas, prosa poética) e também sobre os mais variados assuntos: literatura, cinema, viagens, gastronomia, amenidades, humanidades, música. Tudo que me toca. E que possa tocar os leitores.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

A força e a delicadeza da palavra: Antonio Cicero

Nuances da palavra. Um poeta sempre sabe o que diz e como dizer. Sorte do destinatário dessa construção de letras, sílabas, fonemas, sinais gráficos, sintaxe, encadeamento, argumentação, arremesso estético, lógica. Não! Alumbramento. Apaixonamento.
Um presente: Amor Marcelo, amado Marcelo.
Com vocês: Antonio Cícero, o poeta.

Declaração

Quantas vezes lhe declarei o meu amor?
Declarei-o verbalmente inúmeras vezes
e o declaram todos os meus gestos tendentes
a você: a minha língua, a brincar com o som
do seu nome, Marcelo, o declara; e o declaram
os meus olhos felizes quando o veem chegar
feito um presente e de repente elucidar
a casa inteira que, conquanto iluminada,
permanecia opaca sem você; e quando,
tendo apagado todas as lâmpadas, juntos,
no terraço, nos consignamos aos traslados
dos círculos do relógio do céu noturno
ou aos rios de nuvens em que nos miramos
e nos perderemos, declaro-o no escuro.

(CICERO, Antonio. A cidade e os livros. Rio de Janeiro: Record, 2002.)

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