Quem sou eu

Minha foto
No blogue escrevo meus próprios textos (contos, crônicas, poemas, prosa poética) e também sobre os mais variados assuntos: literatura, cinema, viagens, gastronomia, amenidades, humanidades, música. Tudo que me toca. E que possa tocar os leitores.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Um sonho

O sono veio no meio daquela tarde quente, apesar da relutância para me manter acordada. Sou do tipo que resiste muito a dormir. Durmo poucas horas. Mas não resisti. Cansadíssima em todos os sentidos, me entreguei àquela cama que conhece os meu mais íntimos segredos: todas as minhas grandes alegrias, todas as minhas aflições e minhas tristezas, que costumo esconder, uma mania antiga de não querer incomodar o outro com minhas preocupações ou com minha agonia.
O calor incomodava a minha entrega a aprofundar no sono, mas fui descendo ao terreno do desconhecido de nosso inconsciente. Calor vencido por um sono profundo e eu entregue, tive um sonho estranhíssimo.

Era um feriado qualquer, mas eu estava em alguma empresa qualquer, não sei qual, trabalhando. Eu vestia uma roupa de que gosto muito: a saia preta e branca em losangos e uma blusinha preta recortada acinturada. A pulseira de acrílico laranja, onipresente. Os sapatos retrô que ganhei de Isadora, saltos quadrados superconfortáveis. Fui chegando com a bolsa e uma série de livros e papéis nos braços para trabalhar e a ruga entre as sobrancelhas, traço marcante...
Entreguei tudo sobre a bancada imaginária e fui pegar água (acho...) na cozinha. Havia alguns funcionários da copa em seu uniforme de botas brancas e avental.
De repente, um caminhão que parecia mais um guindaste parou ao lado da cozinha, e quando olho para cima alguns de meus trabalhos e livros estão lá, mal colocados, meio caindo, prontos para se perder, folhas ao vento... Me desesperei.
Havia alguns funcionários lavando o chão no pátio; outros, organizavam a saída do tal caminhão-guindaste.
Não tive muito tempo para pensar, deixei o copo sobre a pia, saí da cozinha, subi as escadinhas laterais do caminhão para tentar salvar meu trabalho de esfacelar-se ao vento. Quando cheguei no alto, senti um trepidar, a máquina estava em pleno movimento e fazia manobras no pátio para partir. O motorista não tinha visto que eu estava bem em cima, em pé, salto alto, linda e loira, pegando todo meu trabalho mal ajambrado, ali, por alguém...
Eu estava já desequilibrada, papéis e livros nos braços, e neste momento, no sonho, eu já estava dentro de uma espécie de caixa de metal, e um rapaz da cozinha me viu e se desesperou. Ele gritou lá de baixo: "Pula! Ainda dá tempo"... A tal caixa de metal subia cada vez mais alto a cada manobra do caminhão-guindaste.
Como boa aventureira, fechei os olhos e pulei, sem pensar muito nas consequências.
Caí sobre algo almofadado, que amortizou minha queda, e caí em pé, coisa de sonho...
Outra coisa engraçada dos sonhos são os pulos das cenas de uma para a outra, não importa a gravidade do assunto. Depois de minha queda, eu já estava na cozinha, e um funcionário da copa, como nas Fábulas de Esopo, me passou um sabão (ou seja, me deu uma bronca sobre o risco que corri), o que me deixou levemente constrangida, e também tirou uma lição de moral desse acontecimento, que na verdade era uma interpretação de por que eu estava sonhando isso tudo.
Um sonho assim tão sequenciado é difícil eu me lembrar.

A única conclusão a que chego, caros leitores -- e me desculpe o simpático e cuidadoso personagem do meu sonho, o rapaz da copa, e suas conclusões jung/freudianas --, é que... estou trabalhando demais!... De novo! :-(
Quando percebo, lá estou eu no mesmo caminho, no alto do guindaste, afastada de tudo e de todos, e alguém bem distante tem que me dizer com todos as letras: você precisa trabalhar menos, olha o estado em que está, saia desse lugar...

* Por que eu não aprendo?

Nenhum comentário:

Postar um comentário