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No blogue escrevo meus próprios textos (contos, crônicas, poemas, prosa poética) e também sobre os mais variados assuntos: literatura, cinema, viagens, gastronomia, amenidades, humanidades, música. Tudo que me toca. E que possa tocar os leitores.

sábado, 3 de setembro de 2011

Sobre cristais e porcelanas II

Quando eu postei Sobre cristais e porcelanas não pensei na possibilidade de um dia ter que atualizá-lo, como nos filmes de Hollywood. Duro de matar 1, Duro de matar 2, 3, 4 etc. Mas de um ano para cá, a minha cristaleira ganhou alguns presentes e eu tive que apertar as xícaras da minha mãe e da minha avó e da minha sogra e da minha ex-cunhada e dos amigos e os presentes de minha filha e de meu pai para poder dar espaço a esses mimos novos.
Não foram muitos, mas o suficente para me deixar muito feliz.
Em Lisboa, já contei aqui no blogue na postagem Alfama, ginginha e saudade da Maria que tive uma sinusite do cão e aproveitei mal a viagem, porque a febre me consumia. Talvez por isso, num dia em que resolvi ficar no hotel durante a manhã para não sair na chuva e piorar meu estado, depois do almoço me chegou um pacotinho às mãos.
Fiquei pensando: nossa, um presentinho... até minha febre deu uma trégua, e fui abrindo as várias folhas de papel pardo e depois o plástico bolha. Os portugueses fazem uns embrulhos de presente trash, creiam! Quando enfim cheguei ao miolo do pacote dei de cara com uma xícara de café pintada a mão, de Alcobaça. Muito bonita. Fundo pérola, motivos pintados em azul, amarelo e vermelho. Aí perguntei: "por que este presentinho. Já ganhei tantos durante esta viagem". "Ah, você está tão triste com essa febre, tão sem vontade de sair, que resolvi fazer uma surpresa". E surtiu efeito. À noite, eu estava melhor, e pude sair e me divertir numa cervejaria antiga de Lisboa. Alguns presentes têm esse efeito em nós. Cheios de intenção, eles às vezes nos curam.
Noutra vez, já no último dia da viagem, em frente de uma loja que vendia aquelas porcelanas chiques de Limoges (que confesso, acho lindas, mas só tenho uma, que comprei na praça Benedito Calixto, pois são muito caras), ouvi assim: "vamos entrar. Só pra ver". Entrei.
Tinha coisas lindas, mas a preços indizíveis. Eu disse: "esta loja está abusando. Tudo muito caro. Vamos".
Mas, num canto da loja havia um mostrador com suportes de vela com uma cúpula, como se fosse um superminiabajur. A base de porcelana, a cúpula de uma porcelana finíssina, como se fosse uma casquinha de ovo. Surpreendentemente, naquele mostrador, os preços estavam de acordo, e eu ouvi: "Escolha um. Quero dar um desses de presente pra você".
Eu dei um passo para trás, apesar de o preço ser módico e comprável, respondi que não precisava, que talvez houvesse outro lugar com preços mais acessíveis para se comprar um presente. Insistente: "Escolha, se não, eu vou escolher, e pode não ser do seu gosto ou não combinar com sua sala...".
Vi de novo o preço (não sei ser presenteada, fico sem graça, sobretudo se vejo o preço do presente, mesmo que seja módico, como era o caso), achei que cabia no bolso, inclusive no meu, então, escolhi: uma base de fundo branco com motivos laranja e azul aquarelado de motivos orientais. A pequena cúpula em altos e baixos-relevos mostra cenas de personagens orientais em um jardim cheio de bancos, juncos, flores, cerejeiras. O conjunto todo cabe entre minhas duas mãos, tão delicado é. Você põe a vela sobre a porcelana, acende e compõe com a cúpula. Pronto, você tem um jardim oriental iluminado em sua mesa de centro ou de jantar. É uma pecinha muito bonita.
Recentemente, ganhei um copinho de tomar tequila, motivos turísticos de San Francisco: Golden gate, bondinho etc., em cores superalegres.
Abri espaço na cristaleira para mais estas 3 peças.
Elas ficam ali, silenciosas, coloridas, como as tantas outras que contam detalhes: a xícara de Alcobaça que promoveu uma espécie de cura, a porcelana rara que queria ser minha a todo custo (quem imaginaria). Essas pequenas peças, mágicas, cheias de propriedade, delicadas que compõem minha história no mundo. A história de uma Sandra que poucas pessoas conhecem.

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