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No blogue escrevo meus próprios textos (contos, crônicas, poemas, prosa poética) e também sobre os mais variados assuntos: literatura, cinema, viagens, gastronomia, amenidades, humanidades, música. Tudo que me toca. E que possa tocar os leitores.

sábado, 8 de outubro de 2011

Eih! Misses DJ!

Comecei minha sexta-feira exatamente às 6 horas da manhã. Levantei rápido, fiz meu espresso com torradas clássicos, e me pus a trabalhar, o dia seria bem cheio...
Às 14h40, estou "montada" para a jornada que se estenderá sem cessar até a madrugada, já sei. Vou para a terapia, o respiro da semana, o "dia do arremesso" dos humanos. A gente se arremessa nos braços do conforto da reflexão e da autocrítica.
Às 16h30, reunião com a Raquel Matsushita, que além de grande amiga é a melhor designer que conheço. Bom, 17h30. Tenho que sair correndo do estúdio, deixar o carro em casa e pegar um táxi para o cinema, não vai dar pra trocar os sapatos lindos, mas que fizeram duas grandes bolhas no pé esquerdo. São 17h45, estou mancando, paro numa farmácia, compro gaze e esparadrapo, pois meu dia ainda terá muitas horas pela frente, não posso me render a essas duas bolhinhas... Pego o táxi, chego ao cinema e me encontro com quem combinei. Tudo certo, o argentino Conto chinês é muito sensível, como eu esperava. Não é ótimo como o patrício O segredo de seus olhos, mas é muito bom. O curativo com as gazes deu certo, não estou mais mancando, mas as bolhas aumentaram de tamanho...
Como sou uma sagitariana otimista, penso: bem, agora só restam o jantar e a sobremesa e mais algumas horas entre esperar a Marcinha (porque ela sempre se atrasa, mas a amo mesmo assim) e a balada a que vou com ela depois das 1h da manhã). Pouca coisa!...
Jantar foi fácil, sentada, caminhar até o apartamento foi o mais difícil, as bolhas estão agora gritando: somos órfas!
A parte da sobremesa é fácil. Agora preciso esperar Marcinha me ligar no celular. Meia-noite... meia-noite e meia... meia-noite e quarenta e cinco... uma hora...
-- Ei! Misses DJ! Já acabei tudo por aqui, preciso deixar o moço dormir, como fazemos?
-- Oi, Tuntum, já estou saindo, vou descarregar no Parlapatões, chego em 20 minutos lá.
Dei um desconto e chego atrasada quase meia hora, vou ao banheiro do Parlapas e Marcinha chega. Tudo certo!
Enfim, nos encaminhamos para a festa em que ela será uma das DJs da noite. Uh-uh! Vou prestigiar. Mas só porque a amo muito. Porque somos amigas há 22 anos. Nossas filhas são amigas. Ela de certa forma passou ao rol das mulheres "comprometidas" por causa digamos do meu traseiro.. (E ela sabe que me deve isso! :-)) ) E porque há laços que o tempo e as máculas não rompem. Este é o nosso caso. Não fosse isso, eu pegaria minhas bolhas órfãs e as levaria pra casa (está difícil caminhar, imagine dançar, ou alguém pisar nesse meu pé compromeitdo! Só o amor e amizade de tantos anos para superar essa dor...
Desde aquela noite em Visconde de Mauá, eu garçonete, ela, habituée e cachaceira das boas, nunca mais nos desgrudamos, exceto por algumas fases, mas nunca por muito tempo. Apesar de sermos tão diferentes, nos completamos, como a música do Chico: "O nosso amor é tão bom, o horário é que nunca combina..."
Mas quem disse que no amor temos que ser iguais? Ao contrário, nos completamos nessas nossas pequenas diferenças: ela é extrovertida e faceira, eu sou fechada e amoitada; ela é franca e direta, italiana, eu dou voltas pelas bordas para dizer o que penso e tento escolher as palavras, meio à inglesa (o que é péssimo para meu estômago); ela não mede consequências e se atira, eu sou lógica e racional, meço antes de fazer para não atingir nada; ela adora as coisas simples e boas da vida, não complica, eu adoro devorar livros difíceis, filmes complicados e complexificar o que já é difícil e procurar situações bem difíceis pra resolver -- por isso ela me apelidou, além do tradicional Tuntum, de Maria Callas, que era uma personalidade complexa, como todos sabem... Eu não sei de verdade o que dou a ela, e o que ela viu em mim para se apaixonar, mas eu sei o que ela me dá: alegria, jovialidade, espontaneidade e muita fome de viver. A seu lado parece que respiro, por isso minha paixão por ela.
Então, quando ela estava lá em cima ontem, linda, poderosa, Afrodite, nesse momento tão delicado de nossa reaproximação, algo me beliscou, e num filme me lembrei de nossa história, cheia de meandros, impasses, passagens. Da nossa alegria juntas, de nossas filhas crescendo juntas, das nossas confidências de amores e desamores, do sopro de vida e de esperança que uma relação como esta tem e leva ao longo da vida. De nosso lugar no mundo. Este mundo, que mais do que coisas, deve ser feito de relações sinceras como esta. De sentimentos profundos, como este que tenho por você, Misses DJ.

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